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A outra face de Foz do Iguaçu


Na primeira vez que fui a Foz do Iguaçu eu tinha treze anos. De tão abestalhada que fiquei em fazer uma viagem dessa dimensão completamente sozinha (ou seja, sem pais ou irmãos vigilantes), acredito que não dormi nenhum dia dos quatro que durou a viagem; e lamentavelmente (apesar de estar em Foz), não vi as cataratas, pois a piscina térmica do hotel pareceu mais interessante que a vista cinematográfica...  Ainda bem que cresci! Cabeça juvenil é muito torta! Lembro-me de ter visto meu ônibus partir, depois de todas as velhinhas que viajavam comigo implorarem para eu não fazer essa cagada (ficar na piscina, perdendo o mais importante e glamoroso objetivo do passeio). Mesmo abaixo protestos, resolvi pegar sol naquela água quentinha, e só fui ver as Cataratas mesmo, dez anos depois...

Agosto de 2014, eu e o maridex tomamos rumo a Foz. No aeroporto há um sistema meio bizarro a seguir. Você não pode simplesmente tomar um taxi na porta do aeroporto de Foz quando chega ali, pois precisa antes pegar uma fila onde um cara lhe dá um recibo com valor inflacionado pré-determinado da corrida, conforme seu destino. 

O casal idiota primeiro sai do aeroporto, pega fila para o taxi, depois pega a fila para o papelzinho (sem sentido algum), depois fila para o táxi novamente. Entrego o papelzinho ao taxista, mas ele o rejeita, dizendo que é nosso. Pergunto o sentido disso, pois até então não consigo entendê-lo:

É só para roubar, tipo, oficialmente? Ou é só porque é Brasil e aqui se tiramos proveito inventando papeizinhos idiotas e superfaturados para sacanear o bolso do turista babacão?

O motorista fica com cara de poucos amigos. Acho que não gostou de mim. Mais tarde vou perceber que eu tampouco gostarei dos motoristas de lá e esse sistema de rotas fechadas e preços cobrados sem taxímetros...

Bom, antes de falar sobre a beleza das Cataratas e a força bestial de uma natureza pouco vista em qualquer outro lugar do mundo, a cidade de Foz do Iguaçu não é o que chamamos propriamente de “bonita”. Na verdade, ela é bem simples (quando nos referimos ao centro e arredores, claro). Não há quase nada para ver, e o pouco que vi parece bem interiorano e miserável. O pessoal de Foz é muito carinhoso e gentil, e lamento que não tenham uma administração pública que trabalhe em nome de seu povo, pois uma cidade que gera tanto dinheiro com turismo, certamente (ou justamente) deveria ter menos favelas, mendicância e necessidades.
Observação: A pobreza da cidade pode ser vista nem bem o centro é deixado para trás. Quem vai até Itaipu de ônibus, por exemplo, certamente se surpreenderá não com a beleza, mas com a miséria da urbe.
Nenhuma favela ou penúria em outro lugar me espantaria dessa forma, mas Foz do Iguaçu, sim! Confesso ter sido uma surpresa (desagradável) perceber a falta de estrutura e miserabilidade da cercania.
Para uma cidade que apesar de não ser industrial, movimenta tanto dinheiro proveniente do turismo e Itaipu, o povo está bastante judiado. No primeiro dia que sentamos em um restaurante para comer, duas meninas de uns sete/oito anos (exploradas pela mãe que as esperava na rua) tentaram nos pedir algo, mas nem bem abriram a boca, foram colocadas para fora do lugar, espantadas como se fossem moscas.
Esse é o povo que habita um dos destinos turísticos mais frequentados do país! Parabéns! 
“...é preciso termos claro que tentar estabelecer o momento em que surge uma população pobre em Foz do Iguaçu é uma tarefa não muito simples, visto que as regiões de fronteira, como é o caso da localização daquela cidade, permitem o trânsito contínuo de pessoas de um lado para o outro, ao sabor de suas necessidades momentâneas ou conjunturais. Mas é bastante claro que ao longo dos anos 80 e 90 um número cada vez maior de pessoas despossuídas do mínimo para se alimentar, sem emprego, sem moradia ou vivendo em favelas, enfim, em estado crônico de pobreza, terá maior visibilidade no cenário de Foz do Iguaçu.
O aspecto tumultuado, caótico mesmo, em que se encontrava a cidade no início dos anos 90 dava fortes razões para que o poder público se alarmasse, capturando o coro de descontentamento dos setores dominantes da sociedade. A passos rápidos a Usina Hidrelétrica de Itaipu se encaminhava para a inauguração de suas turbinas, fato este que tinha alguns significados importantes para a região de fronteira: a etapa final de montagem das turbinas colocaria em plena operação a maior hidrelétrica do mundo em 1992, o que levaria a empresa binacional a dispensar trabalhadores que não seriam mais necessários a partir de então...”
 Fonte:


Na cidade de Foz do Iguaçu, segundo censo demográfico de 2010, 15.9% da população esta entre a linha da pobreza e da indigência já 8.4% esta abaixo da linha da indigência. Neste município, de 1991 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar percapita de até meio salário mínimo reduziu em 14,0%; para alcançar a meta de redução de 50%, deve ter, em 2015, no máximo 14,2%. Para estimar a proporção de pessoas que estão abaixo da linha da pobreza foi somada a renda de todas as pessoas do domicílio, e o total dividido pelo número de moradores, sendo considerado abaixo da linha da pobreza os que possuem rendimento per capita menor que 1/2 salário mínimo. No caso da indigência, este valor será inferior a 1/4 de salário mínimo. 
Fonte:

A Usina Hidrelétrica de Itaipu por sua vez, que tanto faz e tanto fez pelo pessoal da região, também parece ter sido (junto à criação de um frenético comércio de importação-exportação na fronteira, a cidade estar tão afastada das grandes metrópoles do país, e o incremento da atividade turística), um dos frutos dessa desigualdade social gritante...
Bem, aos interessados, há estudos, pesquisas, estatísticas do IBGE na internet, tanto sobre a pobreza de Foz quanto suas maravilhas.

Uma vez feita a menção sobre a pobreza dessa cidade, podemos falar sobre as Cataratas:


De acordo com a Wikipédia, o sistema consiste de 275 cachoeiras ao longo de 2,7 km do rio Iguaçu. Algumas das quedas individuais têm até 82 metros de altura, embora a maioria tenha cerca de 64 metros. A Garganta do Diabo (em espanhol: Garganta del Diablo), uma queda em forma de U, tem 82 metros de altura, 150 metros de largura e 700 metros de comprimento, é a mais impressionante de todas as cataratas e marca a fronteira entre a Argentina e o Brasil.
As quedas podem ser alcançadas a partir das duas principais cidades dos dois lados das cataratas, Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, no Brasil, e Puerto Iguazú, na província de Misiones, Argentina, bem como a partir de Ciudad del Este, no Paraguai, do outro lado do rio Paraná.

Cara, eu já devo conhecer quase um terço do mundo; quer dizer, “conhecer” parece muito profundo e exagerado no vocabulário de um turista. Então, ao menos posso dizer que já visitei muitos países e cidades, já trabalhei e morei fora; e ainda assim, Foz do Iguaçu sempre será um dos postais que mais me chama a atenção e deslumbra. A beleza do lugar é ferina; difícil descrevê-la, e ainda mais difícil observá-la sem sentir certo Q de emoção; sem ficar de boca aberto e fascinado. Não é de graça que as Cataratas do Iguaçu estão listadas como uma das sete maravilhas naturais do mundo e são um dos pontos mais visitados do país. Em qual outro lugar você é recebido por quatis fofinhos e esfomeados logo na entrada?



 Dicas para visitar as Cataratas do Iguaçu/Foz

1.   Há dois lados para as Cataratas do Iguaçu: o lado argentino e do lado brasileiro. O lado brasileiro é bem menor, porém mais cheio de declives, aclives, e escadas. No lado brasileiro se tem uma visão ampla das Cataratas, mas é no lado argentino que os detalhes podem ser mais bem apreciados, pois ficamos bem próximos às quedas d'água. A garganta do diabo vista pelo lado hermano é absolutamente imperdível! A entrada no lado brasileiro custa (para brasileiros): 29,50 reais. No lado argentino: 150 pesos. Em torno de 30 reais (se não o roubarem no guichê). Geralmente, exigem que você pague a entrada com pesos, por isso há um caixa eletrônico da Argentina ali, mas para sacar 300 pesos, você já começa pagando 50 pela transação. E no guichê, ao querer pagar em reais, fique preparado para ter o câmbio posicionado no lado negro da força. 
2.   Um itinerário padrão incluiria um dia e meio, no lado argentino por suas trilhas para caminhada, um passeio de barco e Garganta do Diabo ponto de vista imperdível, em seguida, metade de um dia no Brasil, incluindo uma parada no ponto onde os dois países se encontram Paraguai.
3.   Os dois parques são tão perto que você pode ir de ônibus público. O valor por passageiro é de 4,00 reais. Muito rápido e fácil. Pergunte na recepção do seu hotel como fazer.
4.   Visite o meio da semana, se puder e evitar feriados locais para não enfrentar filas, trânsito e demoras...
5.   Apesar de ser tentador demais, não alimente os quatis. Ainda que esses bichinhos pareçam de pelúcia, eles são animais selvagens e podem ficar agressivos e doentes com a “comida” (que não é comida) que você lhes oferece.
6.   Se puder, traga de casa uma capa plástica. Elas são vendidas no ponto, mas custam 9 reais por pessoa, e após seu uso, descartadas no lixo. Ao trazer sua capa de casa, você não contribui com o abuso cobrado no parque, e ajuda a natureza.
7.   Todos os pontos turísticos: Cataratas, Parque das Aves, Lado argentino, Itaipu, Paraguai... são possíveis de ônibus. Uma ideia prática e barata. Pergunte no seu hotel!
8.   A Garganta del Diablo (lado argentino) continua interditada devido fortes chuvas que ocorreram recentemente.
9.  Não se esqueça de levar Off/qualquer repelente na mochila, pois os mosquitos da região parecem sanguessugas envampirados, que ao contrário de deixarem pequenas mordidas na pele, deixam veneno e hematomas doloridos que coçam muito!

Fatos rápidos: Foz do Iguaçu

  • Localização: Estado do Paraná: a quarta maior cidade do Paraná
  • Área: cerca de 240 quilômetros quadrados / 620 quilômetros quadrados
  • População: cerca de 325,000
  • Idioma: Português - Inglês e espanhol são falados também
  • Moeda: Real brasileiro (BRL)
  • Código de área Telefone: 045
  • Média diária de Foz do Iguaçu a temperatura de janeiro: 33 ° C / ° F 91
  • Média diária de Foz do Iguaçu a temperatura de Julho: 24 ° C / ° F 75
E para o post não ficar gigantão, encerro por aqui, prometendo voltar com mais fatos e fatos sobre Foz...
Para quem não conhece, nunca viu, ou morre de vontade de ir, mas ainda não se decidiu, deixo algumas das fotos que fiz por lá.

Turista com preservativo gigante

Beijo da magra! (nem tão magra assim...)




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Qualquer semelhança desse blog com a realidade, é pura cagada.

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