Por volta dos 21 anos
tive um namorico (uma piscadela de olhos, um meio número que jamais
entrou para minha estatística de ex-relacionamentos)...
Para preservar a
identidade da vítima nesse texto, eu omitirei seu nome e o chamarei de “bobo da corte”.
Bem, essa “relação”
com o bobo da corte durou por volta de vinte longos dias, mas nem por
isso posso dizer que: "foi curta, porém intensa!". Não! Foi só curta
mesmo... Na mesma época, eu tinha acabado de terminar com um dos meus primeiros
noivos, e estava indecisa entre reatar esta relação ou investir no xaveco com o
bobo. Eu trabalhava no laboratório do hospital Regional, e aproveitando-me
das regalias que o meu trabalho proporcionava, convidei o bobo da corte
para me visitar no serviço, e de quebra, tirei sangue dele (alegando minha
preocupação com sua saúde), acrescentando tudo quanto foi tipo de exames na
requisição, incluindo HIV e outros similares. O cara era totalmente normal,
a anormal era eu, que trabalhando num hospital, desconfiava de tudo e de todos.
No andar da carruagem, a relação girava em torno das três (ou
quatro?) semanas (essas primeiras semanas que geralmente são de paixão e
loucura), porém eu, sequer havia sentido um friozinho na barriga
quando estávamos juntos, e o que era pior, o friozinho na barriga só aparecia
quando eu avistava o primo
dele, muito mais interessante que o bobo em questão.
Bem, eu posso ser
exigente, mas o bobo da corte era arrogante, esnobe, e ainda por cima,
mulherengo², machista e mentiroso. Em contrapartida, eu nunca fui
santa (sequer gosto deles!), mas ao menos fazia minhas conquistas uma de
cada vez, de forma organizada. O bobo da corte era bonitinho, porém: GALINHA!
Isso eu descobri num trote numa ligação que pedi para uma amiga
fazer (peripécias que só encabeçamos aos 20 anos!).
Beatriz ligou para o
bobo da corte com uma voz sensual, dizendo se chamar “Cibele” e conseguiu um
encontro palhaço amoroso três segundos depois. Além de galinha com G
maiúsculo, o bobo era tão fácil de pegar quanto um vírus de gripe.
Nessas curtas semanas
que estivemos juntos, o bobo prepotente se sentiu no direito de quebrar meus
cigarros pela metade, alegando assim, que eu fumaria menos e minha saúde
estaria resguardada (na verdade, ele teve a chance de fazer isso apenas
uma vez...).
No dia em que eu
recebi no trabalho (do meu ex-noivo), uma cesta maravilhosa de café da manhã
(já era a terceira da semana), junto com flores e um cartão com dizeres e
juras de amor que desbancariam Pablo Neruda, o bobo da corte estava lá.
Enciumado, porém cheio de autoconfiança, ele trotou desfilou pelo
laboratório com seu ar prepotente, abriu minha cesta, tirou qualquer coisa de
dentro, comeu algo ali mesmo, e com seu nariz patrício hasteado, alegou:
“Essa cesta é horrível, eu posso dar uma para você, vinte vezes melhor!”.
Para encerrar a peça mongólica
teatral, o bobo rasgou o cartão de Pablo Neruda do meu ex. De repente,
eu havia entrado em leilão e não sabia. Fiquei quieta, na posição de
expectadora, porém, sem aplaudir. O bobo da corte apareceu no mesmo final da
tarde, com uma caixa de bombons Suíços Garoto e um “Ma
chérie” do boticário. O detalhe adicional foi que a caixa de bombons estava
aberta e ele já havia comido alguns quando a entregou para mim. Cansada de
tanta bobagem e dessas entradas triunfais que o bobo da corte irrompia no
laboratório quando eu trabalhava a pleno vapor, resolvi meter-lhe o pé na bunda
naquela mesma tarde ensolarada, enquanto eu o assistia devorar os chocolates
que supostamente eram meus.
“É por causa do seu ex, não é? Você vai voltar com ele por causa de todos esses presentes, posso apostar!”.
Eu, convicta de minha
integridade moral, neguei.
“Bobo, você é bom demais para mim, eu não mereço tanto...”.
Apaixonado, o pobre
palhaço, respondeu: “Eu vou esperar por você quanto tempo for necessário!”.
Em partes, ao ouvir
isso, amoleci um bocadinho, mas em seguida, o bobo questionou:
“Foi bonito isso que eu disse, não? Você gostou?”.
O bobo
havia ensaiado o jargão, e afoito, não pode ficar sem meu parecer.
“Ah Bobo, adorei! Você é tãopalhaçoincrível!!” - Era o que ele queria escutar, foi o que respondi.
Sem pensar duas
vezes, naquele mesmo dia, depois de terminar com o bobo, reatei com meu
ex-noivo, e só voltei a ter notícias do palhaço (em sentido carinhoso) DOZE
ANOS DEPOIS...
E fomos felizes (eu e
meu ex-noivo) para sempre durante os seis meses seguintes...
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PS1: A continuação desse texto em estilo yellow press,
será intitulada como: “Esposa ciumenta descobre a relação que seu bobo marido
teve, DOZE ANOS ANTES DE CASAR, e enlouquece...!!!”
PS2: Como esse texto e o que virá a seguir são baseados em fatos
reais, espero que os palhaços protagonistas não se sintam
magoados por isso.
PS3: Na verdade, eu não presto!!
![]() |
Meu namorado cara de palhaço! |
Pô Geyme! Tu não toma jeito não guria??
ResponderExcluir(Espero que não! Rsss!)
Fiquei fascinado com esse texto! (Bem, na verdade eu já era né, já que sou membro assumido da quadrilha de "perseguidores!" Rsss!
Adooooro teu jeito de escrever e esse texto em particular foi um alívio p'r'os meus dois neurônios e meio, depois de tanta baboseira que vi no "face" hoje!
Me sinto cansado, (tá, eu sei que é f**a, às dez e meia da manhã, mas é que responder, coerentemente,porém à altura, um infeliz incoerente, sem deixar fios soltos pra ele não virar o jogo depois fazendo parecer que a gente é que é o idiota, cansa!
Mas de qualquer forma, me diverti com teu post!
Leve, descompromissado e sobre tudo deliciosamente competente, como sempre aliás!
Tô esperando a continuação hein!
Abraço-pá-tu-guria!!
Inté!!
Virou novelista, amiga? Mande brasa nessa dupla de jegues e não se incomode se eles não gostarem: boca falou, cu pagou. Rsrsrs
ResponderExcluirQuando olhar pra trás no espelho retrovisor da vida faz você ver um filme repleto de seus olhares críticos ou sarcásticos sobre as coisas mais banais.
ResponderExcluirEngraçado como muitas das mulheres inteligentes que conheço guardam detalhes suficientes, até das coisas mais passageiras, e fazem disso uma ópera "buffa" magistral.
Considero isso uma marca da memória feminina, típica do nosso genero. Os homens simplesmente esquecem casos assim, literalmente. Não apreciam as ricas e engrandecedoras lembranças revividas como acontece conosco na maturidade.
Eu também escrevo sobre esses momentos, e o resultado via de regra resulta hilário. Sinal de que aprendemos a viver o amor na base do humor.
Adoro ler você Geyme!
Hahahaha...Geyme querida...ninguem merece um bozo desses amiga!!!! Que isso??? Caixa garoto aberta?Hahaha!!!
ResponderExcluirAdorei a historia!!!
Beijocas!!!
Oi fofa! :)
ResponderExcluirEm primeiro lugar, obrigadíssima pelo comentário tão carinhoso que você deixou no mosaicos.
São seus olhos, amore, que me enxergam assim.
:))
Essa sua história tão hilária (e boa de se ler), me fez lembrar uma que aconteceu comigo quando eu era solteira (ou seja, a trocentos anos atrás). Minha colega de trabalho, estava brigada com o noivo (por um motivo super fútil), e não queria dar o braço a torcer. Eles já estavam separados há algum tempo, e ela pediu que eu passasse um trote pra ele, fingindo ser uma "periguete", e tentar marcar um encontro com o "dito cujo", só pra ver qual seria a reação dele. Nessas alturas, ela estava colada no fone, pra ouvir junto comigo (ainda não existia viva voz...).
Resumindo: - Mesmo eu fazendo a minha melhor "voz de travesseiro", o cara me descartou "de cara", e ainda me disse: - "Não vai dar não, menina, eu sou noivo, e muito apaixonado pela minha noiva".
Resumo total da Ópera: Ela ficou super empolgada, retomou (no mesmo dia) o noivado, e logo logo se casaram.
Acho que até hoje ela não contou pra ele que eu fui o "cupido"...rs
Quanto ao seu "bobo da corte", realmente, ninguém merece um "trem" desse!
Beijão pra ti, criança.
Fique bem, e te cuida! :)
Cid@
Olha Geyme...hoje em dia, show,muvuca e confusão tambem estou fora...nao estamos ficando "veias " nao, só mais exigentes...rs.
ResponderExcluirE olha...estou um pavaozao depois de ler tudo aquilo...rs...Cameron Diaz?? Woow....mas algo eu devo ter parecido Que a lembre,porque volta e meia ouço esse comentário....rs...vixie....segura essa mulher que está se sentindo...Hahaha...
Beijocas minha querida!!
Geyme querida,
ResponderExcluirEm primeiro lugar, quero agradecer o lindo e carinhoso comentário que você fez em meu blog. Amei!
Seu texto é super engraçado. Quase tive um ataque de risos ao lê-lo. Você é demais, amiga.
Mas sabe que estas coisas acontecem mesmo. Sempre aparecem uns bobalhões achando que somos palhaças e que acreditamos no amor deles.
Ainda bem que tudo terminou bem (para o seu lado, não é mesmo?).
Deixo um grande e afetuoso beijo para você amiga.
Maria Paraguassu.
Geyme me he quedado pensando con la historia del payaso, pobre ..... hmmmm. al comienzo leía con una sonrisa pero luego me dejo pensando.
ResponderExcluirSimplesmente, ADOREI!!!! Você foi narrando de uma forma tão gostosa de ler, que me fez rir aos poucos. Esse pavão não pode reclamar da comédia
ResponderExcluirque inspirou você. E acabou por jogá-la em outros braços.
Você é ótima!!!!
Bjs.
Geyme, como você não presta? você é má!
ResponderExcluirSerá que este bobo deixou algo pendente? sim, pois você lembra detalhes.
Adorei tudo e espero os próximos capítulos ansiosamente.Bjus
Oi amiga , estamos atentos em seus contos. E esse é de ferrar com o bobo da corte.
ResponderExcluirAbraço
@M�nica Sim, Nika! Deixou a mulher dele, 12 anos depois, morta de ciúmes, e a inspiracao para mais um texto, que publicarei nas próximas semanas! rsrs
ResponderExcluirBeijo a todos!!!
Pessoas arrogantes, pedantes e petulantes, só mesmo mandando tomar no ...ostracismo (tem que ser delicado e politicamente correto. hahahaha).
ResponderExcluirVoce é demais, Geyme! Abraços e ótima semana.
Aí amiga, vc me mata aqui, de tanto rir! kkkk. Não prestar é pouco pra vc viu, mas é por isso que eu te adoro! Vc me diverte demais, e eu tava morrendo de vontade de vir aqui dar uma espiadinha no seu bloguito, coisa que ultimamente tava bem difícil levando em conta a minha vida atual de minutos quase cronometrados no relógio pra tudo! Mas nossa, isso de : vc é bom demais pra mim, eu não mereço, kkkk, é o que os homens adoram dizer para as mulheres né, o clichê mais velho e gasto do mundo e o mais falso tb...rs. Olha eu lendo esse seu post, além de rir, lembrei de coisas semelhantes que já aconteceram comigo, dos bobos que já passaram pela minha vida tb... Ah amiga e eu quero nas férias ler um dos seus livros, como faço para consegui-los aqui no Brasil? E agora só agora, mas precisamente a partir de hj eu volto a respirar aos poucos ao normal, minha vida andava tão louca que eu já tava surtando! Até o blog eu abandonei, o que vc pode constatar lá esses dias atrás né... mas agora amanhã ou quinta, vou ver se posto alguns versinhos de perna quebrada lá... Muito bom estar aqui de novo... vou dar mais uma espiadinha nos seus outros posts... tb tava com saudades, um grande beijo, Mi.
ResponderExcluirAdorei seu jeito sarcástico de escrever (as palavras riscadas ajudam ainda mais).
ResponderExcluirE ri muito desse texto embaixo dos comentários.
Vc não presta mas é bonitinha.
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