O casal idiota sai de viagem. Mala pronta. Ânimos a
mil, rumo a Foz do Iguaçu, ver as cataratas e ficar em um hotel quatro estrelas
com Jacuzzi e piscina aquecida, praticamente na porta do quarto (no lado de
fora, claro). O Resort Iguassu é
composto de blocos de casas (como se fosse um condomínio fechado), todo cercado
de verde e beleza. À primeira vista parece um paraíso. Talvez seja mesmo, e nós
é que somos idiotas chatos demais para apreciá-lo como ele merece...
Chegamos ao quarto (era até bem grande), cheirando a
eucalipto e limpeza. Ok. Ponto para o hotel. Nem bem o menino das malas foi
embora, nós, como de costume, começamos a averiguar tudo. O tempo estava
agradável, então fomos checar a piscina e a Jacuzzi, que como dito antes, estão
a cada bloco de casas. Bom, “nossa” Jacuzzi não apenas não funcionava, como
estava meio desmontada. Para “térmica”, a água da piscina precisava de uns
cinco graus mais. Voltamos para o quarto um pouco indignados, pois a Jacuzzi foi
um dos motivos para termos escolhido esse Resort. Decidimos ir à recepção pedir
outro quarto; algum que tivesse a maldita Jacuzzi. Antes de sairmos, colocamos coisas
importantes no cofre, mas adivinhem: O cofre tem segredo e formato de cofre,
mas é portátil como um rádio! Podemos colocar tudo ali, fechar bem direitinho
com código e tudo, que é só o ladrão chegar, pegá-lo no colo e sair caminhando
com ele e nossos pertences protegidos!
"Cofre portátil" |
No quarto, ao lado dos copos e chocolatinhos, tem
saquinhos de café solúvel para fazermos no próprio quarto. Mas adivinhem o que:
Não há máquina para ferver água!
Com o bocó da recepção constatamos que todas as Jacuzzis
estavam em “manutenção”. Conversa para boi dormir e o hotel economizar em água e
energia! Já não basta economizarem no café que deixam no quarto e os hóspedes não
podem usar por falta de instrumento (será que os aquecedores de água também
estavam em conserto?). Bom, quanto tempo leva reparar algo? E por que se fez
essa “manutenção” em enfeito dominó? E por que durante a semana inteira que
ficamos lá, não vimos ninguém reparando nada? Como me incomoda que mintam tão deslavadamente
na minha cara... O gerente até que foi bem educadinho; pediu mil desculpas, inventou
baboseiras gentis, blá blá blá e nos
ofereceu um jantar no restaurante japonês do hotel como “cortesia”. Sei!
Pagamos por lebre, e recebemos gato. Pagamos para usufruir de uma infraestrutura
A, e recebemos Z. Cortesia seria ele
me levar champanhe e Lindt na Jacuzzi (se tivéssemos uma, claro).
Achei uma sacanagem! É obrigação do hotel informar quando
estão em manutenção, antes de atrair hóspedes até lá e só então contar a novidade.
No bar do Resort, ao lado da recepção,
fomos tomar o café que não conseguimos no quarto. Lugar muito bonito; com
jarras de água de frutas e tal... Pedimos dois cafés ao atendente, e que ele
nos levasse na mesa de fora quando estivesse pronto (onde estaríamos sentados).
O pobre se sentiu um pouco ofendido (foi o que pareceu). Disse que estava
sozinho no bar e não podia abandonar seu posto.
Quase senti vontade de me desculpar com ele e chorar... Olha a treta: o pessoal
deixa o cara sozinho (apesar de que não tinha nenhum outro hóspede lá para ser
atendido) e o cara conta isso para nós, hóspedes, como se devêssemos compreendê-lo e nos
sensibilizar. Gentemm, sem problema nenhum um lugar não dispor de muitas
frescuras, mas aí a colocar quatro estrelas em seu uniforme tal qual Jean Luc Picard... Não
força!
Fui tomar banho (de chuveiro mesmo, já que não havia
Jacuzzi). Tá certo que eu sou bastante demorada, mas isso não justificaria encontrar
um lago com dois centímetros de água por todo banheiro quando sai da ducha. Era
quase uma Jacuzzi! A porta de vidro do box não fechava direito e deixou escapar
água para fora. WTF!
Aí, estou eu lá, pensando se chamo uma pessoa (terei
que chamá-la durante toda a hospedagem?) ou se seco o lago eu mesma com uma toalha.
Sequei tudo. Estou eu lá, peladona, quando de repente a mulher da limpeza
coloca o cartão na porta e entra sem mais nem menos. Fico tão assustada que só
tenho tempo para soltar um grito e me esconder embaixo do tapete. Como assim? Elas entram em um quarto com
hóspedes sem sequer bater antes? (bom, mesmo que tivessem batido. Raiosss!!)? Será
que a criatura recebeu treinamento no Paraguai? Nem sei o que ela queria, pois
gritei tão alto que a assustei antes que pudesse abrir a boca.
Darth Vader |
Com esse “certo” no final da oração interrogativa/afirmativa, só nos restou concordar
automaticamente. Bom, bebida é o de menos, pensamos. Mas só na hora do check-out percebemos que cada cerveja
(japonesa) que o babacão do meu marido tomou (foram apenas três), custavam 22
reais cada... O jantar de “graça” saiu quase 80 paus (em três cervejas pequenas
e duas cocas latas!). Credo! Imagina quanto pagaríamos em pacote integral de janta? A cortesia
me cheirou à grega aqui...
Vela e repelente para uma noite romântica |
Queríamos fumar uns cigarros na mesa do jardim, mas não
tínhamos fogo (pois não somos fumantes do dia a dia). Adivinhem quem também não
tinha fogo? O hotel! Pedimos uma caipirinha que levou mais ou menos uns 40 minutos para ser
feita, um cinzeiro e fósforos. Após desculpinhas de blá blá blá, tive que
perguntar ao garçom se é admissível um hotel 4 estrelas não disponibilizar caixinhas de fósforo que até o Hotel Bolinha (do posto de gasolina) tem?
Ao ver que estávamos cobertos de razão (não só pela razão, mas porque fomos
bastante persistentes), o Maître voltou com uma vela acesa, morto de vergonha,
dizendo que era tudo que podia fazer para nos ajudar. Aí ficamos acendendo
nossos cigarros com a vela. Até que se não fosse pela demora e aquelas
desculpinhas odiosas do tipo: “Sem fósforos, o hotel acredita estar desencorajando
fumantes...” cof cof cof, a iniciativa da vela não teria sido tão mau...
O hotel é grande pra chuchu, inclusive para chegar até
à portaria. Tem área de trilha, arborismo e campos de golfe; aliás, o nome é
famoso por isso: pelo golfe e a estrutura que existe lá para o jogo. Adivinhem agora
outra composição estrutural do hotel que não estava funcionando. Isso mesmo: O
golfe! Apesar de não termos interesse no esporte (esporte?) já me começou a
parecer sacanagem que nem isso, o “forte” deles, pudesse ser aproveitado. Outro
ponto nonsense é que em uma estrutura
grandalhona assim, onde até para chegar à portaria é longe pacas, o hotel não disponibilize
nenhum serviço de Van para o Centro ou Cataratas. Nem estou falando que seja de
graça, mas um transporte que saia de meia em meia hora e que possa reunir
passageiros a cada viagem. Mas não, claro que não! O mensageiro do hotel nos
coloca em uma Van toda velha e escolhambada, fedendo a meia suada, e nos larga
na portaria à própria sorte.
É dia dos pais, quase nove horas da noite; e estamos
lá deitadinhos na cama embaixo das cobertas, vendo Telecine, com um olho aberto
e outro fechado, pois tivemos um dia de passeio proveitoso e cansativo, e eis
que... Tchan Tchan Tchan Tchan: a arrumadeira entra com tudo pela porta do
nosso quarto. Podemos vê-la através do espelho do corredor, e ela com certeza,
pode ver a gente também. Meu marido dá um gritão muito bravo, nem lembro se em português
ou alemão, pois estou mais assustada que ele e a arrumadeira agora:
- O que você quer? Não é para entrar! – Diz o Deutscher enfurecido.
- Vim só trazer a lembrancinha do dia dos pais. – Diz a
sem noção da arrumadeira, e entra mesmo assim, na velocidade da luz, deixando
algo na mesinha da antessala.
Assim que escuto o barulho da porta, levanto e vou até
lá passar o trinco. Acendo a luz e constato que a lembrancinha do hotel que nos fez levar um sustão daqueles nada
mais é que um cartãozinho idiota que sequer li, e um bombom de 1x1cm. Não dá
sequer para dividir. Indignada, pego o telefone e ligo para a recepção e
reclamo por mais essa invasão de privacidade, falta de educação, e treinamento que
as arrumadeiras do lugar recebem. Céus!
Embora eu tenha reclamado sobre isso, um dia depois,
novamente peladona, uma arrumadeira abre a porta do nada... É nesse momento que
decido deixar minhas impressões na
internet, aos hóspedes que queiram saber mais sobre as acomodações e serviços
do Iguassu Resort.
Bom, já que não há Jacuzzi, nem piscina aquecida, nem
máquina de café no quarto (só o pó), nem golfe, nem transporte que nos leve
além da portaria, nem cortesias que sejam de graça, nem arrumadeiras que não entrem no quarto sem mais nem
menos; pelo menos o café da manha é impagável. O breakfast do Resort não é 4
estrelas, mas 5. Bom demais: Muitas frutas, sucos naturais, pães (inclusive sem
lactose e sem glúten), bolos, cereais e iogurtes (inclusive Activia); panquecas,
uma cozinheira preparada para fazer seu ovo do jeitinho que você quer... Não há do que reclamar aqui. Jura? Juro mesmo!
Amém!
Mas se não há do que reclamar sobre o Iguassu, vai
chover! Já escuto as trovoadas...
Meu marido com caipirinha e sorriso no rosto, fugindo dos mosquitos |
Curiosos para conhecer o Resort? Hospedem-se AQUI!
E não se esqueçam do ditado que diz: As aparências enganam...
Beijos da clientepé nos saco exigente!
Beijos da cliente