De fato o Brasil perdeu. Mas não foi no jogo...

Após o massacre a derrota no jogo contra a Alemanha, o Brasil se despede do sonho de conquistar o hexacampeonato entre lágrimas e bramidos.

Mesmo aqueles que foram fervorosamente contra o Circo  a Copa desde o começo, em sua realização ostentação em Terras Tupiniquins, não podiam prever; supor, ou até mesmo desejar tal carnificina.  

E o Brasil volta (?) para casa na “Copa das Copas..."

Bem, não escrevo hoje para falar sobre derrotas ou vitórias, mas sim sobre expectativas:

Você que é torcedor, patriota, amante cego inveterado de seu país, que se descabelou por sua “pátria” através da TV em sua casa, ou entre lágrimas e soluços no estádio... que depositou, apostou, e investiu tanta energia acreditando na “vitória” da equipe brasileira em cada partida, não se pergunta agora, (não por causa da derrota, mas DESSA derrota em particular) se valeu realmente a pena tanto estardalhaço?

Se controladas em imissão e limite, fé e paixão podem ser prazerosas, e até mesmo saudáveis (já que geram no indivíduo um propósito, ainda que muitas vezes inútil). No entanto fé e paixão quando mal administrados, deixam de serem louváveis na teoria para se tornarem sentimentos selvagens e violentos na prática. Ambos são incontroláveis e independentes, tal quais as lágrimas transloucadas que caíram dos olhos sangrentos de jogadores e torcedores que acreditaram demais. A multiplicação da fé na vitória do Brasil em um jogo, aplicada dessa forma exponenciada ao desespero, já não parece “fé” ou entusiasmo, mas sim um fanatismo levado à exaustão do civismo mais extremista e radical. Iguais lunáticos que chacinam e agonizam em nome da religião, torcedores de futebol que brigam, penam e pecam em nome desse evento constituído de bolas, exercem papel similar aqui. Embora não “matem”, são capazes de morrer em nome do evento. Provavelmente não dormiram, decepcionaram-se, amargaram com enfado impotente aqueles coraçõezinhos que fizeram na frente das câmeras, engoliram com desolação as cores verde e amarelo que pintaram nos rostos...

Frente a essa fé destrambelhada do brasileiro em seu futebol glorioso, a Alemanha não derrotou apenas a seleção, mas o país inteiro e sua “fé” descabelada de pentacampeão do “mundo”.

Uma derrota de digamos: 2 x 1 seria perdoável, mas uma lavada de 7 gols é algo totalmente irredimível e desolador; frustrante e irreparável.

O que precisamos compreender aqui (e refletir muito sobre o assunto) é a importância primordial que dedicamos a coisas que não importam coisa alguma. Nossa atenção e lágrimas estão confinadas a fatos errados.

Para desviar a vigilância do povo sobre o dinheiro investido nesse espetáculo romano, criaram (ou o próprio povo criou?) uma expectativa absurda em torno da vitória brasileira na “Copa das Copas”, e a conquista do Hexa. Para tanto, enquanto torcedores morriam de ataques cardíacos no estádio, viadutos desabavam, pontes caiam, jogadores choravam, torcedores se digladiavam nas ruas “em nome de seu país”... nos fizeram (nos fizemos?) colocar até a última gota de esperança nessa “vitória”. Como se de fato, não importando quantas tragédias aconteceram em nome da Copa, no final, a taça de campeão fosse TUDO o que realmente importava; aquilo que faria fazer valer a pena as barbaridades que aconteceram em nome desse evento: As extorsões, a exploração sexual e trabalhista, a corrupção, o investimento descomunal para levantar estádios das cinzas, as demandas e aberrações exigidas pela FIFA, e até mesmo o sorriso do catador de lixo, que sem condições de comprar sua entrada, sorriria quando fossemos campeões.

Ao invés de construir oito gloriosos estádios, a cabeça oca de nosso país decidiu erguer doze (por mera ostentação ou derrame diarreico cerebral), ignorando a voz do cidadão que protestou desde o começo.  Indiferente ao manifesto do povo, agora Dilma tem doze picadeiros opulentos espalhados pelo país, “comprados” com o dinheiro que não era dela; alguns nunca mais serão usados para nada! Antes Dilma tivesse ostentado na construção de hospitais e escolas...

De fato o Brasil perdeu. Mas não foi no jogo de ontem, na data de 08/07/2014. Mas alguns anos antes, quando aceitou arcar com os custos astronômicos para sediar o evento da FIFA aqui.... 

BRASIL é muito mais que uma partida de futebol, o número de uma camisa, ou uma seleção de jogadores. É muito mais que a lesão na coluna do Neymar e o sonho destruído dele... 
BRASIL é o mulato que rala, o índio que luta por sua terra, o pai e a mãe que trabalham para sustentar seus filhos, muitas vezes, operando milagres com o salário mínimo que recebem... 
BRASIL é o sorriso do carioca, a correria do paulista, o sossego do baiano. BRASIL é o frio do sul e o calor do nordeste. É a esperança do povo em que “amanhã vai dar tudo certo”. 
BRASIL é o BRASILEIRO e sua intenção boa (mas também inocente), de não desistir nunca, ainda que esteja atolado em corrupção, tragédia e Caos. 
BRASIL é muito mais que verde e amarelo, pois é colorido o ano inteiro, independente das bandeiras penduradas nas janelas em épocas de Copa!

Se for para sofrer, sofra direito! Se for para chorar, que suas lágrimas valham a pena!

Saudações de quem acha que a "Copa das Copas" não deixará saudades... 

PS: Já não era sem tempo de "feriados" infundados e "pontos facultativos" terminarem...

Geyme Lechner Mannes

Bem... mas como não se pode perder o humor, finalizo o Post com alguns dos melhores Memes encontrados na Internet:

Acorda Brasil!!!!!!!!