LIVRO: Bridget Jones: no
limite da razão
Autor: Helen Fielding
Págs: Quase quinhentas, mas
parecem um milhão!
O
livro já é antiguinho e manjado, mas como só o li agora (e ele me chamou mais
atenção do que o esperado), preparo o leitor que ainda não teve o desprazer
de lê-lo:
Se
o primeiro Diário de Bridget Jones (livro) foi divertido, irreverente,
uma leitura light e descontraída para matar tempo, o segundo foi uma catástrofe
geral! Gentem, nada pior do que tentar repetir o sucesso de uma arte
apresentando uma cópia da mesma (só que em outra versão), mas forçando demaisssss nas
características que o consagraram da primeira vez. Vemos muito disso no cinema: Primeiros
filmes de trilogias fantásticos, segundos razoáveis e terceiros um desastre
total. Filmes que ninguém esperava segunda, terceira parte... mas que após
terem boas críticas e encherem bilheterias, diretores inventaram continuação
para os mesmos. Continuações, em um modo não exclusivo, mas geral,
decepcionam quase sempre. Nada pior do que tentar repetir fórmulas de sucesso.
Até o Harry Potter parecia cansado de ser bruxo no último filme; era como se
dissesse: “Ok, já que sou obrigado a estar aqui; vamos acabar logo com isso!”.
Autores copiam historias de sucesso de outros autores, diretores de outros
diretores... Cara, onde está a criatividade e inovação? Onde estão os roteiros inéditos
da indústria de entretenimento, seus artistas, autores, produtores...? Hoje em
dia tudo é imitação de Havaianas, na busca desesperada de vender: a décima
parte de uma trama onde o vampiro é adolescente e loiro; o zumbi não é zumbi, o
lobisomem se apaixona, o Superman tem “aventuras”, o Homem-Aranha é
“Espetacular”... Até o surrado Titanic em 3D fizeram!!
Cruz credo, só me faltava essa!
Retomando
o livro de Bridget, de Helin Fielding:
Se
o primeiro FILME fundamentado na obra era semelhante a ela, o segundo
parece que fizeram baseado em outro. Vi os alhos, mas não os bugalhos! O filme de Bridget Jones (com a
espetacular Renée Zellweger) é uma das raras exceções onde o
cinema supera de longe o livro. O leitor que lê a primeira parte dessa salada
mix (o Diário de Bridget Jones) e fica com gostinho de quero mais,
partindo para no limite da razão, leva um chute bem no meio dos olhos.
Kct: Se a autora se deu bem ao criar uma mulher na faixa dos trinta,
solteirona, caótica, namoradora e baladeira (fazendo com que leitoras do mundo
inteiro se identificassem com ela), na continuação, ao tentar evidenciar tais
características (até então destrambelhadas, mas normais), Bridget parece quase
retardada. Em certo ponto até penso: “Meu Deuzzz, como essa mulher consegue
dirigir um carro ou fazer cocô sozinha?”. Aquela desordem no cotidiano da
personagem é evidenciada na segunda parte com muita forçação de barra e
aporrinhamento. Bridget, com pretensões a entrevistadora, apresentadora de TV,
formada em Faculdade, não poderia ser tão débil mental ao ponto de entrevistar
um ator (Colin Firth) como se fosse uma profissional saída de
um sanatório para doentes mentais, fazendo perguntas de uma garotinha excitada
e confusa, interessada apenas na camiseta molhada que ele usou na série de TV
britânica (Pride and Prejudice). Ela é tão bisonha que começo a torcer
para ela se ferrar logo de uma vez e a história acabar.
No limite da razão é uma repetição constante das
estupidezes da personagem que, ao contrário de agradar, enchem o saco! Os 678
livros medíocres de autoajuda citados (onde ela baseia toda sua vida,
pensamento, relações e conduta), e aqueles amigos intragáveis dela, formam o
compendio da obra inteira. Na verdade, as quatrocentas e tantas páginas
desse livro são preenchidas com ligações de Bridget para amigos, entre fofocas
aqui, e lamentações de solteirões falidos acolá, TODAS com aspirações de serem
muito engraçadas. Tosco! Essa obra não deveria se chamar “Bridget Jones: no
limite da razão”, mas sim:
Bridget e seus amigos pé no saco,
todos na faixa dos 40, comportando-se feito desesperados de amor, alcoólatras.
Na
boa, li até quase a trecentésima página, fazendo um esforço paranormal, e aí o
larguei.
Paciência
tem limite. Vai ver foi isso que a autora quis dizer em seu título No
limite da razão: “Vou testar o limite do meu leitor”. Testou mesmo!