Eu sabia que a sexta-feira não
seria um bom dia quando levantei pela manhã e dei de cara com um artigo no
jornal sobre o Brasil, tendo Buenos Aires como sua capital (e
não, não foi algo eventual ou raro, a capital argentina sempre figura como a
capital brasileira na melhor gazeta da Alemanha).
Para ajudar, ainda tínhamos
uma festa no final da tarde para ir. O marido da vizinha (aquela mesma, a chata do caraio) faria
trinta e tantos anos, e por insistência da amável contígua, acabamos pousando
numa festa onde não conhecíamos ninguém (inclusive o aniversariante, marido da
mesma). Foi-me solicitado (favor importantíssimo) avisar meu marido que eles
(os vizinhos e sua comunidade de amigos), eram alternativos e liberais. Tal
qual o fiz, e ainda pedi para que ela relaxasse, pois fosse lá o que
significasse isso, a moral e o conservadorismo também não são minha praia. Eu
iria curtir adoiado!!
O casal idiota chegou atrasado
(porque é chique) ao lugar combinado e o povo estranho já estava todo lá,
reunido no agradável clima de quase trinta graus, uns amontoados em sofás ao ar
livre, outros, empoleirados ao redor da churrasqueira alemã de cinco
centímetros. O aniversariante, que havíamos visto apenas duas vezes na vida, abraçou-nos
como se fossemos amigos de 25 anos e tudo parecia correr bem...
Entrosando...
Um desses alemães que lá
estavam, contou-nos que morou na Venezuela, por apenas duas
semanas e discursou com louvor sobre a cultura da América Latina (inteira),
declarando que os latinos não têm variedade culinária e tampouco uma
cultura tão aberta e diferenciada quanto a germânica. (Bem, como fazer amizade
assim, sem tirar sangue????) Isso era um mal sinal...
Com todo o calor que fazia, a
cerveja era solvida à temperatura ambiente, retirada dos engradados embaixo da
mesa, quentinha, tomada direto no gargalo, ou ainda havia a opção de tomar
cachaça com suco de laranja natural (exprimido na hora), sem gelo. (Era pra
ficar doido, ou não?)
Uma maluca que nunca antes
mais gorda vi na vida, encabeçou uma conversa diretamente comigo, (a pobre
desamparada), detalhando-me o dia em que conheceu seu marido na Espanha
(hann???). O estrangeirismo que sempre me salva de conversas chatas e quando me
convém, ajudou-me nessa hora para dizer que não estava entendo patavinas da
conversa, mas mesmo assim, não dada por vencida, a doida continuou discursando
à sua vitima, como se não importasse o fato de eu entende-la ou não, desde que
ela pudesse falar. Sem direito a escapar pela tangente, comecei a observar o
pedaço de carne que minha companheira de conversa mascava como um
chiclete, de lá pra cá, num movimento degustativo deliberado entre seus
dentes marcados com carne e temperos verdes, enquanto ela falava, comia e
mastigava de boquinha aberta, tudo ao mesmo tempo! (parecia a conversa da Lalá
e o Lelé...).
Mais adiante, numa outra mesa
(já acompanhada do salvador meu marido, que nesse instante também começava a
considerar o povo de calca jeans rasgado e lenços na cabeça, muito estranho), percebemos um
grupo analisar uma nuvem distante e discutir se a forma da mesma se parecia
com um dedo ou um navio, e todos (eu disse: TODOS), analisavam fascinados
a porra da nuvem, chamando nossa atenção para que também a olhássemos.
Uma coisa eu devo admitir, não
sabia que era tão fácil conseguir marijuana na Alemanha, mas que o povo
da festa tinha pra dar e vender, isso é certo! Os convidados já estavam
completamente chapados e sequer viram quando fomos embora, dando um tchau
geral, praticamente aos gritos, depois de termos empanturrado a pança. Eu como
boa brasileira, (e meu marido já contaminado), fizemos como o cachorro magro
que come e vai embora (falando mal de tudo e de todos). Mas ora pois, que mais
poderíamos ter feito lá? Tenho certeza que enquanto nós os vimos muito
esquisitos, eles devem ter pensado o mesmo da gente...
Mas, Heyyyy,
você aí, se for me convidar pra sua festa, eu bebo Skol geladinha, viu!
Cara, pensei que só americano achasse que Buenos Aires é a capital do Brasil.
ResponderExcluirÉ, a Venezuela é mesmo retrato da América Latina toda... Também, como alguém vai levar este país a sério ou se interessar por ele, quando nem os brasileiros fazem isso?
Vc tá bem arrumada com a sua vizinha..rs.
Beijoooo
Olá amiga, lembrei-me de uma situação quase parecida, onde numa festinha de aniversário de um colega de trabalho, (fui funcionário de uma empresa de energia) me colocaram em uma roda de pessoas que eram médicos, enfermeiros, e cientistas da saúde que eu fiquei sem saber o que fazer, falar o que se no meu caso eu era técnico e só entendia de fotografia e eletricidade, mesmo assim dei as opiniões e levantei assunto pertinente a área deles, me sair bem, mas, doido para sair daquela roda.
ResponderExcluirDas vezes que estive fora do país observei muito isso de quererem fazer amizade conosco e falar sempre coisas que eles não conhecem do nós aqui abaixo do Equador, acham sempre que somos diferentes e que não temos conhecimento das coisas que acontece no velho continente ou África e Ásia.
Diga-se de passagem que sabemos e conhecemos as capitais dos países europeus.
Não é atoa que querem sempre estar conosco, e viva o Brasil varonil...
Desculpas pelas série de um longo texto.
Abraço
Hahahaha...Geyme, como eu ri com a sua historia, vixie Maria, aquela parte da queridona falando e comendo a carninha com ervas...hahahaha....
ResponderExcluirAdorei ter te conhecido!!!
Entao temos 2 amigas queridas em comum, a Marli e a Cris(C.),perfeito!!
Beijos!!!