Quando a bela vira fera (e feia)...

Dizem que a melhor etapa do casamento é o divorcio (bem, eu dizia isso antes de me casar), visto que minha vida dava voltas cada vez que guardava a aliança de noivado no porta-joias (não para sempre, pois costumava vende-las no mercado de ouro, meses depois).

Cada vez que um rompimento definitivo acontecia, meu circulo de amizades aumentava, eu emagrecia, meu celular soava com mensagens e ligações incessantemente, e eu me sentia linda, liberta, diabólica, incrivelmente popular!

Foi num desses términos que eu: magérrima, barriga de fora, cabelo com chapinha em corte Chanel, saí a convite de uma amiga, para destruir uma balada de forró, na Lagoa da Conceição.

Lá estava a parva exigente, escolhendo a dedo os convites para dançar o forró que não sabia, desdenhando os bailarinos feios oferecidos da pista.

Eu ainda estava de dieta, (e torno a repetir: e magra, e linda, e maravilhosa, não é exagero!!!), tendo comido apenas um prato de alface antes de sair de casa, sentindo-me a própria top-model de Floripa! Quase preparada para a desforra, posicionei-me num lugar estratégico na pista de dança, para assim, poder escolher melhor minha vítima.  No intuito de quebrar o gelo da noiva morta (que há tempos não saía de casa e já desconhecia o que era dar uma azarada na night naitchi), pedi uma Smirnoff Ice e beberiquei sorridente enquanto assistia minha amiga girar, rodopiar, ir para lá e vir para cá, com seu companheiro de dança. O álcool associado com a salada de alface o estômago vazio fez minha pressão baixar violentamente. Tendo o desmaio em vista, a Cinderela borralheira se sentou no latão do lixo, com a cabeça voltada para baixo (posição criticada pela medicina nesses casos), vendo o mundo girar, sentindo a pele ficar pegajosa e fria. Eu estava linda (volto a repetir! E prestes a morrer, segundo minhas sensações!). Nem bem o segurança do clube percebeu minha palidez e estado próximo do desfalecimento, correu em minha direção, e saiu com meu corpo morto amparado em seus braços (como se fossemos recém-casados)! Eu vi as pessoas e a pista de dança sendo deixadas para trás, mas embora a vontade de vomitar, tudo que meu cérebro alcoolizado pensava era na vergonha da situação. Minha amiga surgiu logo depois, alarmada, enquanto eu retomava a cor na face e perdia tanto o tom arroxado dos lábios quanto a sonolência, sorvendo os dois litros de água que meu salvador (o segurança) tinha conseguido com muita rapidez.

Nesse momento, eu estava feia! Muito feia! Mas ainda sim, recuperada (menos o meu cabelo que ficou armado), voltei para a pista com cara de merda mau humor, rejeitando os bailarinos mais que antes, tentando desesperadamente me livrar de um argentino que não saía do meu pé....

Bem, nessa noite conheci o cara que seria meu quarto noivo, mas eu ainda não sabia... (e nem ele!)

... mas essa história, deixarei para contar depois....

Eu bebo, mas não caio do salto (não sempre...).