Apesar de ter sido estreada em 2010, só fui assistir
The Walking Dead agora, após uma insistência muito persuasiva de um ente querido.
Minha resistência (de ver fundamento em uma série baseada em zumbis) não deve
causar estranhamento em ninguém. Aliás, quando vi umas cenas de Twd anos atrás,
acidentalmente, e um daqueles mortos-vivos pulou na tela, achei que era comédia.
Para começo de conversa, confesso que a série (mesmo sendo
bizarramente composta por zumbis), prende do começo ao final. Cheguei mesmo a
dar uns pulinhos no sofá e ranger os dentes... Sem poder evitar, várias vezes
encontrei similaridade de Twd com Lost, em seu contexto de ficção, drama e
suspense.
Bem, mas não tenho a pretensão aqui de fazer uma resenha sobre a produção com informações de direção, datas e elenco, pois para isso temos a Wikipédia. E ao contrário de escrever para quem ainda não viu a série, escrevo agora apenas para quem já a conhece, e levanto algumas questões:
Até aqui, só vi as três primeiras temporadas. Talvez
as explicações que me faltam, cheguem na quarta ou quinta... Mas ainda acredito
que o tal Apocalipse que aconteceu na terra enquanto Rick dormia em um quarto
de hospital, jamais será elucidado.
De onde os zumbis vieram? De outro planeta? Da terra?
Do nada? De um Big Bang? Eles já estavam mortos e começaram a viver de repente,
ou estavam vivos e morreram, retornando em forma deambulante disfuncional?
Essa é na verdade o único questionamento, que em minha
opinião (para uma série que conseguiu criar tantos aficionados pelo mundo),
merecia uma explicação decente; para ela mesma, mas principalmente para os fãs.
Depois da questão ovo
ou galinha, vamos às observações telespectadoras:
Se até o final da segunda temporada a violência ainda não
estava exposta de forma absurdamente ativa, a terceira começa com faca na caveira! Alguns episódios inteiros são apenas de sobreviventes matando
walkers: tiros na cabeça, destruição de crânios, facada nos olhos, trepanação, dissecação...
Bang bang pra cá, plutz e splatsh pra lá. É um show de sangue, ossos e órgãos, expostos e
barulhentos. Parece que na terceira temporada alguém reclamou ao diretor: “Pow,
está faltando violência nesse angu”. Aí, deixaram de injetar história para carregar
nos efeitos visuais em um grande massacre visceral. Certamente, investiu-se
nesse começo de temporada muito mais em maquiagem do que em drama.
E falando na terceira temporada ainda (foi uma das
que, antagonicamente, menos e MAIS gostei, desconsiderando o exagero dos tiros
e facadas), o Rick parece o Rambo, só falta uma bandinha na cabeça. Nunca vi um
líder tão líder quanto ele. Um herói, que apesar de estar em grupo, parece um
cavaleiro solitário, tanto na guerra quanto na tomada de decisões. “A partir de
hoje, não haverá democracia!”. Ele diz, e todos concordam sem relutar. Se eu
fizesse parte desse grupo, certamente me expulsariam, pois tenho muita
dificuldade em cheirar peido alheio sem fazer cara feia. A Lori, mulher do Rick,
me irritou muitas vezes, pois mesmo quando o “Rick sabe tudo” toma as determinações mais imbecis e ditatoriais,
ela aparece sempre em apoio: “Você deve ter suas razões” “Confio na sua decisão”
“Você sabe o que faz” “Estamos muito agradecidos” “Estou muito orgulhosa de você”...
Em certo momento fica até previsível: O Rick pondera sobre matar um garoto,
depois de tê-lo ajudado a escapar de um ataque zumbi. “Ele é só um menino, por
Deus!”. E aí, depois de ter arriscado a vida de todo mundo pelo moleque que
sequer conhece, levá-lo ao lugar onde o grupo está abrigado, tratar seu
ferimento, o Rambo Rick decide matá-lo; e sua esposa, pata choca, não acha
absolutamente nada estranho nisso.
Falando em Lori, ow mulherzinha para abraçar cabeças!
Qualquer problema que aparece, ela já aperta uma. Carl, seu
filho, que nos diga! Ela está sempre com a cabeça dele entre os braços. Ela
é também a mulher que, em meio a um apocalipse zumbi, decide levar uma gravidez
adiante. Nem fiquei com pena quando morreu para parir. Quando a cabeça não pensa...
Outra distinção meio bizarra aqui (além dos walkers,
claro) é o sorriso de orgulho quando um dos sobreviventes mata um zumbi. Por
exemplo, quando Carl atira em Shane (já em estado zumbilítico), e um sorrisinho
de “Eu sou foda” fica-lhe preso entre os lábios. Ou quando Andrea atira em
Daryl de longe (achando que é um walker), e fica toda cheia de si, parecendo
esperar aplausos, sinos e trombetas em sua ovação.
Falando em Andrea, ela não parece uma versão (muito
menos gata, claro) de Kate do Lost?
Em Wunderland,
a cidade maravilha criada pelo Governador, forçaram um pouco a barra. Tudo bem
que lá os sobreviventes estão melhores abrigados e seguros, mas daí a saltitarem,
fazerem churrasco, piquenique, e plantarem florzinha no quintal... No way, right?
E o tal governador? Inicialmente, preocupado com o bem estar geral e em proteger
seu povo, mais tarde (em um acesso de loucura), acaba metralhando todo mundo. Meio
exagerado essa caracterização que divide mocinhos em muito mocinhos, e vilões em muito vilões, não?
E o mistério em Twd? Shane é bom ou mau? O Governador é bom
ou mau? Daryl e o irmão são bons ou maus? Pelo menos, apesar do tom duvidoso
que plantam nos personagens, eles não enrolam muito para nos mostrar quem é
quem aqui...
Observações
rápidas:
* Na terceira
temporada o Rick aparece com a voz do Batman,
* Os humanos
(como não é de se surpreender), são mais perigosos e traiçoeiros que os
próprios zumbis,
* Onde Daryl
consegue flechas?
* O Carl acha
que é homem. Aposto que está disputando a vice-liderança com o próprio pai,
* A Michonne
parece o Lázaro Ramos de peruca,
* A Carol tem
uma queda pelo Daryl ou não?
* O que Sofia
estava fazendo no celeiro, afinal de contas? (Mistérios
de Lost The Waking Dead)...